PREDIÇÃO DA REALIZAÇÃO INTELECTUAL

POR: ENOCH LIVULO
Milhões de pessoas acordam, levantam, seguem uma agenda engessada. Diariamente são levados a mergulhar nos bastidores de suas mentes com o intuito de golpear a inteligência com a lâmina das perguntas do campo psicológico a fim de encontrar respostas inúmeras que giram em torno da inteligência, como é o A, e como não é, será meu filho inteligente? Será que este aluno continuará a ser inteligente daqui o mais tempo? E como muitas vezes não encontram as respostas, são novamente obrigados a mergulhar em mundos pré-conclusivos, ou pré-meditadores extraindo respostas antecipadas sobre determinadas situações, pessoas, tarefas etc. Quanto menos se conhece alguém, mais corremos o risco de construir a sua imagem de maneira distorcida, quer aumentando-a ou diminuindo-a. (Jung, C. Memórias Sonhos e Reflexões) Através desse mecanismo, muitos Carrascos viraram heróis ao longo da história, e muitos heróis se transformaram em carrascos na mente de muitos.
A arte de pensar é a manifestação mais sublime da inteligência (Cury, 1999). Todos pensamos, e desenvolvemos qualitativamente a arte de pensar, Por isso, frequentemente expandimos as funções mais importantes da inteligência, tais como aprender a se interiorizar, prever comportamentos, actividades intelectuais etc. Podemos fugir de tudo, ou de quase tudo mas nunca de nossos pensamentos, até porque quando pensamos em fugir ou desligarmos de tudo, já estamos a pensar, portanto o pensamento é a única coisa da qual não podemos fugir é uma acção que a nossa consciência não nos pode negar, e que estes mesmos pensamentos, são as janelas da inteligência e que a inteligência é caracterizada como a hiper-intelectualização.
Portanto como humanos que somos; somos enormemente influenciados por nossos pensamentos no sentido de sermos pré-conclusivos diante de determinados fenómenos circunstanciais, factos, etc. Como: a previsão dos comportamentos; vermos alguém e sabermos as suas componentes cognitivas, sabermos o que ele ou ela fará, etc. Neste trabalho de investigação debruçar-me-ei sobre aspectos que centram-se ou relacionados aos juízos anteriormente expostos. (predição da realização intelectual, predição do comportamento). Discorrer-me-ei sobre a predição imediata e a predição mediata da realização intelectual, a problemática dos cognitivistas de K. Poper e Ulric Neisser.
Este trabalho não visa a predição de uma realização intelectual ou de um comportamento primariamente, mas visa sobretudo agilizar a nossa consciência sobre os elementos inclusos nesta (s) actividade (s) e daí, talvez cada um consoante a sua agilidade cognitiva poderá aplicá-lo ou relacioná-lo no seu dia-a-dia.
Predição da Realização Intelectual
A predição da realização intelectual, assim como a previsão do comportamento são práticas, antigas, pese embora primariamente eram realizadas de modo empírico, ou instintivo. Constitui uma variante do velho debate que envolveu e mobilizou certas figuras intelectuais como: F. Skinner, Carl Roger, consoante a vertente cognitivista de Ulric Neisser, e do outro lado envolveu o cognitivista Ludwig Immergluck, e Karl Poper.
Este tema leva-nos a questões como: Será que o conhecimento humano da realização intelectual actual de um aluno pode predizer a sua realização futura? Ou dito de outra maneira. Um individuo que é inteligente hoje continuará sê-lo daqui a 10 ou 15 anos? Esta questão é central na perspectiva psicométrica, constata-se que quanto mais velho é o individuo a quem se passa o teste mais precisa é a previsão, este resultado só pode ser contrário se de algum modo, certo factor físico, ou externo da sua fisionomia afecta o individuo provocando uma lesão em uma das áreas do cérebro, que fará com que o mesmo individuo deixe de responder de modo normal aos estímulos do qual ele poderia proceder inteligentemente, se isto não acontecer seu nível intelectual será contínuo e podemos afirmar que o inteligente de agora será o mesmo daqui a mais tempo, mais quanto o seu nível ou grau de inteligência dependerá de factores experienciais ou vivenciais que podem ser: experienciais pessoais, hábitos de leituras, o meio etc. Que podem proporcionar o desenvolvimento de forma geométrica ou aritmética.
Existem dois tipos de predição da realização intelectual e dos comportamentos sendo: Predição mediata e a predição imediata
Predição Imediata: São as mais directas, repentinas, é esta predição que caracteriza os mais inteligentes e os menos inteligentes.São Inesperadas e são muitas vezes dadas por instintos para Ulric Neisser estas se dão com mais frequência na sociedade e sem esta previsibilidade o ser humano não seria o que é, e automaticamente a sociedade não seria uma sociedade, afirma U. Neisser.
Exemplo: Uma criança está em prova e conseguiu resolver o exercício (5+2), o professor prevê automaticamente que conseguirá resolver o exercício (2+2)
Predição Mediata é aquela que é obtida a partir de elementos terciários, não coage directa e frontalmente com a situação a sua previsão depende de outros factores. Ex: sabemos que a criança A é inteligente ou tem uma actividade intelectual excelente em companhia de uma outra criança B criando assim um espírito de competição, portanto se ela sozinha resolve uma equação em 4 minutos, podemos prever que em companhia da outra criança poderá resolver uma equação do mesmo género em cerca de 2 minutos e meio, ou até menos.
Como estudantes de psicologia que somos, é extremamente importante o uso sábio das nossas capacidades cognitivas, é importante ainda que tenhamos uma visão psico-dinâmica de aspectos comportamentais e intelectuais de cada indivíduo, nem que seja de uma forma empírica ou superficial, se não o fizermos talvez veremos os geógrafos ou matemáticos estudarem os comportamentos. Portanto desta feita antes de estabelecermos a relação entre a predição do comportamento e a predição da realização intelectual cabe-nos fazermos as seguintes perguntas:
Só pode prever um comportamento, aquele que predispõe de grandes capacidades intelectuais sendo um escatógrafo, um telepata, um psico-gammico? É preciso estratégias de simulcognição? Ou Todos nós, podemos prever um comportamento, uma actividade intelectual?
Dois teóricos cognitivistas nomeadamente Karl Poper e Ulric Neisser levantaram enormes ideais sobre a previsibilidade do comportamento de um sujeito consoante as suas capacidades intelectuais numa vertente interacionista cognitiva.
Para Karl Poper negava a possibilidade da previsão dos comportamentos de uma forma histórica envolvendo períodos de tempos e espaços demasiados longos e componentes psicológicas desconhecidas, e afirmava positivamente que só é possível a previsão de um comportamento, ou de uma actividade intelectual, quando temos um nível de conhecimento ou informação disponível do sujeito que pretendemos prever ou controlar os seu comportamento ou a sua intelectualidade. Só podemos prever que este ou aquele indivíduo será inteligente quando sabermos se o é agora, só podemos prever as suas possíveis tomadas de decisões se sabermos pelo menos em parte as suas atitudes, (Exemplo: se sabermos que esta criança consegue resolver o 4×4, podemos prever que saberá resolver o 2+2, se conhecermos que este amigo é bravo e não gerência calmamente as suas emoções, e se alguém o maldizer ou espancar, saberemos a sua possível tomada de decisão ou a sua atitude).
Para U. Neisser a previsibilidade da realização intelectual, quer dos comportamentos, são possíveis e se dão com frequência. Para ele a sociedade não poderia sobreviver sem essa possibilidade. Admite que a previsão destas actividades só se dá em ambientes extremamente fechados onde as opções são extremamente as mesmas ou escassas; Para Piaget este espírito de previsibilidade na criança é formado no 4º estágio (Operações formais) onde dá-se o aparecimento do espírito dedutivo, hipotético, e capacidades lógicas, nesta fase uma criança já pode prever, que a laranja madura tem mais sabor que a laranja verde, uma criança sabendo que este objecto é pontiagudo ou aguçado, poderá prever que o mesmo, em contacto com sua pele poderá feri-lo.
Talvez não seja necessariamente uma contradição mais uma questão de análise, reflexão, ou talvez algo de carácter assertório avaliativo. Nota que para K. Poper a previsibilidade só é possível se conhecermos ou temos uma informação do sujeito que pretendemos controlar ou prever, Ulric Neisser levante um exemplo puramente oposto:
Em um jogo de xadrez onde estão envolvidos: um perito e um novato ou iniciante; o iniciante tem a informação ou o conhecimento de que está diante de um perito em xadrez, a questão que se levanta é: Será que o iniciante conseguirá prever as pedras que o experiente poderá manipular? Certamente que não! Porque se soubesse logo deixaria de ser um novato e passaria a ser um experiente. E se assim fosse K. Poper teria razão? Sim, se sim então qual é a contradição? Nenhuma necessariamente! Mais acontece que o novato mesmo tendo a informação que está diante de um perito, não conseguirá prever as peças a serem manipuladas pelo experiente. Então isto implica o erro de K. Poper? Vejamos que é necessário saber a relação existente entre o que se conhece, e qual a influencia ou poder de um sobre o outro. Como é sabido que a aptidão de certa actividade como o jogo de xadrez é processual e não instantânea, portanto o novato será sempre um novato até ao fim do jogo, não poderá prever as pedras que o perito poderá manipular, mas partindo do pressuposto que está jogando com um perito, e consoante a sua agilidade cognitiva (inteligência) poderá prever uma jogada imprevisível ou inesperada, isto é se for inteligente. Em minha análise a tese de Neisser é que o conhecimento ou a intelectualidade nos torna livres, e por isso mesmo imprevisíveis em nossas acções.
referencias bibliograficas
-uma introducão a psicologia cognitiva de ulric neiscer
-material de apoiio aos estudantes do 3 ano do curso de spicologia educacional do isced.
-pesquisas google, con teudos relacionais