Sete beijos em menos de quatro horas e em três bocas diferentes, apontava a estatística do dia, para Senhor João Máquina Tchituka, que após uma noite de encosta, encosta com animais programados a usarem saias, senhor João não teve como conter a tristeza. Encontrava-se agora em casa, no seu sofá terno e macio com os olhos perdidamente no ecrã da televisão que olhavam mas não viam em função do que acabara de fazer; Sua esposa Tchitangueleka mulher delicada, super doméstica que apenas lia e ignorava as saídas excessivas do senhor Tchituka, Ela estava do outro lado alegre e inocentemente proferindo palavras de ânimo e companhia ao querido e suposto marido fiel: Uma, duas, três, quatro, cinco e seis palavras, e nenhuma em retorno; e mais uma pergunta, de igual modo nenhuma resposta; e então em tom alterado e berrante madame Tchitangueleka explode:
-Maaaano João!!! Afinali é quê?????
Assustado sem nada perceber engoliu em seco seu espanto bem como sua distração, e vociferou algumas palavras:
-Ainda não faz barulho, Chiiiiiiii! Silencio, tá ouvir lá fora?
-Ah! É quê? Disse a mulher.
-Tó a ouvir umas vozes lá fora na rua, e aquela voz deve ser do vizinho, ainda vou la ver.
Saiu apressadamente em direcção a suposta rua, mas claro com missão diferente; é admirável a inteligência que o diabo proporciona aos seus funcionários, e como é obvio com a presença do opositor os pecados têm pouco tempo de ocultismo, e desta vez parecia o fim, pois, a pressa com que senhor Tchituka saíra, fez com que deixasse o telemóvel sob o sofá macio, telefone este que não tardou em chamar com um remetente logotipado de CHEFE . Senhora Tchitangueleka por precaução e respeito pelo ganha-pão do marido, segurou o telemóvel e seguiu o marido gritando: Mano João, mano João, Mas o querido marido que saíra para socorrer, se tinha infiltrado no bar “Bebe e fecha conta” um bar da rua ao lado e o senhor João escolheu pra poder conter as lembranças de não sei qual das três.
O telemóvel chamou a primeira, a segunda, e a terceira vez a esposa decidiu humildemente atender.
-Alô.
Do outro lado uma voz feminina e arrogante:
- Ó João seu sacana você tá pensar o quê afinal?? Me disseram que você tem outra mulher e te viram com uma moça de bata, a se dar beijo no teu carro , e ainda por cima me deixaste só 50 mil kwanzas falaste irias trazer outros 50 mil e até agora não voltaste, eu vou te falar mesmo se você…
- Aló, interrompeu senhora Tchitangueleka, confusa sem saber o que dizer ao certo disse: É a chefe do mano João?
-Ó sua puta , eu sou a mulher dele ouviste bem? não vale apenas lhe chular dinheiro e lhe fala que estou a lhe esperar pra trazer outros 50 mil.
Após estas palavras a remetente desligou o telefonema ante aos ouvidos da senhora Tchitangueleka que com o coração pulsando feito uma bomba mais fatal que a de NAgasaki e Hiroshima, com a mente coberta de nuvens entre o seu possível passo caiu na reflexão e manipulou nos ficheiros auditivos da sua memória que acabava de ouvir e algumas palavras ficaram marcadas na sua mente: Me disseram que você tem outra mulher/ te viram com uma moça de bata, a uma hora atrás a se dar beijo no teu carro / eu sou a mulher dele ouviste bem? não vale apenas lhe chular dinheiro e lhe fala que estou a lhe esperar pra trazer outros 50 mil.
Na verdade as dúvidas eram na mesma quantidade da certeza que ela tinha de que Jesus mais cedoo ou mais tarde viria para julgar e salvar alguns; e enquanto estava com o telefone uma outra mensagem invadia o telefone; mesnagem esta que dizia: Amor Ontem foste o máximo na cama, gostei muito.
Esta última foi quase que um K.O do boxero MAichael Taison no peito de um paciente de tuberculose, ela caiu sobre si mesma, abriu as gavetas da memória de sua privada e da sua vida matrimonial com o senhor João e foi meditando: Eu com o mano João se iniciamos já a namorar já em kamacupa com desanove anos e amigamos com dezanove anos , estamos juntos já a caminho de vinte anos , mas será que afinal a segunda mulher sou eu ou é a outra? Quando de repente uma outra voz penetrou o subconsciente dela de recordação: eu sou a mulher dele ouviste bem? não vale apenas lhe chular dinheiro e lhe fala que estou a lhe esperar pra trazer outros 50 mil. Ela pensou no dinheiro que em casa desde os últimos tempos era uma escassez absoluta, voltou a ler a mensagem e pensou na última vez que tiveram contacto sexual, nem ela mesmo conseguiu lembrar-se ; pensativa ela parecia ser uma aluna da primária sendo obrigada a resolver uma equação do 2º grau, ou ainda a achar uma raiz quadrada de um número com vinte e nove algarismos sem folhas de papel nenhuma; A missão era árdua e quando de repente ouve passos do outro lado do portão.
Era o marido, que descaradamente atirou palavras a esposa e disse: Ah. É briga de casal, esses homens que têm muitas mulheres só merecem morrer juro mesmo, ali tem surra de verdade.
A esposa sem nada dizer entrou rapidamente, colocou o telefone no lugar preparou-se e mandou-se para a cama, e de igual modo fê-lo o marido, horas passavam senhora Tchitangueleka não conseguia conter-se, nem tão pouco pegar o sono ao contrario do esposo que dormia lindamente como um anjo, quando de repente ela levantou-se da cama viu pelo relógio eram três horas e três minutos da manha, as nuvens negras ganharam terreno na sua mente o prazer da vida se tinha esgotado uma vez que foi surpreendida grandemente por quem achou conhecer, confiou demais e ganhou apenas desilusão; decidida segurou a pistola do General João Máquina Tchituka e mandou para o crânio de sua excelência sete balas fatais de calibre 54.
Pela manhã o sangue do chefe esvaia-se e dava o ar de sua graça ao chão mosaicado da sala de Estar; vinte, trinta, cinquenta ou mais pessoas preenchiam a rua contemplando o final feliz de mais uma história de amor, sirenes de uma lado, polícias de ordem publica do outro, agentes militares do outro lado e o no centro deles vinha escoltada a senhora Tchitangueleka sob algemas e ladeada de policiais, lá vinham ela; ainda foi a tempo de prepara o cabelo, banhar, e rumo a prisão.
Como nunca tinha feito antes, ela surpreendeu a maioria com um sorriso no rosto contagiante, e enquanto subia no corro bonito da policia ela deu adeus a todos e disse: que isso sirva de exemplo para todos homens infiéis Às suas esposas, eu não matei meu marido, matei o demónio que estava nele, porque eu do fundo do meu coração ainda continuo o amando, estou sendo presa, eu vou com Deus, e sei que meus filhos também estarão em boas mãos, a vida ensinou-me demais, e maldito é o homem que confia no outro homem é verdade. Confiei demais e ganhei decepção; cuidem, amem vossos marido, e vocês maridos amem e não façam o que meu amor fez.
As palavras pareciam conhecer o terreno certo ma mente dos presentes, quando um policial segurou na cabeça dela e abaixando-a para que entrasse no veiculo; e a população tinha ficado ali a contemplar uma eternidade amorosa, e a velha história a que estamos aguardando se repetiu, os maus morrem e os bons ficam vivos, e assim será no último dia.
Por: Enoch Livulo
2703015